segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Domesticação


Me acusam de estar domesticada. Adestrada. De ter virado bichinho de estimação. Que não sou mais animal livre, solto e selvagem. Só fico e me apego aos lugares que me convém. Que me despertam amor, carinho, acalento e proteção.
Quem não gosta de um colo aconchegante, de cafuné, de carinho pé com pé? Eu gosto! Sou onça, mas gosto! Onças em estado de felicidade como eu tem o pêlo mais brilhante, os olhos úmidos, nariz gelado e maior força muscular. Quando a alma está bem, o corpo funciona melhor.
Mas não se engane com a aparente tranqüilidade do meu coração. Ele ainda é grande e forte. Não se engane com a leveza dos meus gestos, ainda tenho garras e dentes. E não se engane com a brandura das minhas palavras, ainda sou felina. Para o meu amor, uma gatinha manhosa, mas para o resto do mundo, as garras ainda estão aqui.
Sou menina, sou mulher, sou amante, sou amada, sou namorada e sou onça. E sou muito de tudo e tudo de muito. 



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